Grãos vermelhos e pretos têm 15% mais proteínas e 2,5 vezes mais fibras do que o arroz branco, o mais consumido no Brasil
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Grãos integrais mais alongados tendem a apresentar mais proteínas, fibra e lipídeos
Estas afirmações podem ser feitas a partir dos resultados da pesquisa de doutorado da farmacêutica-bioquímica Isabel Louro Massaretto, na Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP. Ela também avaliou o efeito do cozimento no arroz e descobriu que o processo provoca perda dos compostos fenólicos. Mesmo assim, o arroz preto e o vermelho ainda permanecem com alto teor destas substâncias.
Os grãos vermelhos e pretos têm 15% mais proteínas e 2,5 vezes mais fibras em relação ao arroz branco, que é o mais consumido no Brasil. Tanto o branco, como o preto e o vermelho pertencem à mesma espécie (Oryza sativa L.). A diferença é que o grão de cor clara é o resultado do polimento das estruturas que o recobrem, que podem ser coloridas. Quando elas não são polidas, o alimento é considerado integral. “Os compostos que atribuem cor ao arroz estão no pericarpo, estrutura que recobre o grão e está presente somente nos tipos integrais”, explica Isabel.
Dentre os integrais, alguns nutrientes variaram mais de acordo com o formato do grão do que com sua coloração. Segundo pesquisa da farmacêutica, “grãos integrais mais alongados tendem a apresentar mais proteínas, fibra e lipídeos do que os menos alongados”.
Curiosamente, o chamado arroz selvagem não é arroz. Ele, na verdade, é a semente de uma gramínea aquática do gênero Zizania e tem a composição química que mais se diferencia dos demais grãos analisados. O arroz selvagem tem o maior teor de proteína, menor quantidade de lipídeos e a menor atividade antioxidante, por apresentar um teor menor de compostos fenólicos.
Atividade antioxidante
A atividade antioxidante é a propriedade de componentes de alguns alimentos em retardar o envelhecimento das células, ajudando também a prevenir algumas doenças crônicas. O arroz preto e o arroz vermelho detém este atributo por possuir, em suas composições, compostos fenólicos. Em relação ao integral branco, o arroz preto contém antocianinas, e tem oito vezes mais compostos fenólicos. Já o arroz vermelho, rico em protoantocianidinas, apresenta quantidade seis vezes superior desses compostos. Isabel destaca “esses grãos apresentam perfil diferente de fitoquímicos e, consequentemente, podem exercer funções diferentes no organismo humano.”
A farmacêutica pôde avaliar a aplicação de dois métodos para análise de atividade antioxidante. Dentre os testes in vitro fluorimétrico (ORAC) e espectrofotométrico (DPPH), o primeiro se mostrou mais adequadopara sua pesquisa. Algumas amostras do estudo foram obtidas em parceria com a Empresa de PesquisaAgropecuária de Santa Catarina (EPAGRI), que também colaborou com a quantificação dos ácidos graxos dos alimentos. A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) foi parceira na etapa em que a pesquisadora identificou as antocianinas presentes nas amostras.
Isabel concluiu seu doutorado em 2013 na FCF, orientada pela professora Ursula Maria LanferMarquez.
DO IG SAÚDE
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