sábado, 15 de agosto de 2015

Protestos anti-Dilma são esperados em mais de 270 cidades neste domingo

  • Paulo Pinto/Fotos Públicas
    Manifestantes se reuniram na avenida Paulista, em São Paulo, contra Dilma em 12 de abril  Manifestantes se reuniram na avenida Paulista, em São Paulo, contra Dilma em 12 de abril
Grupos que pedem o impeachment da presidente Dilma Rousseff convocaram manifestações contra a petista neste domingo (16) em mais de 270 cidades do Brasil e do exterior. Há atos agendados em todos os Estados brasileiros, pela manhã, a partir das 8h, e à tarde.
Principais organizadores, os grupos Vem Pra Rua, Revoltados Online e MBL (Movimento Brasil Livre) divulgaram o protesto por redes sociais e com panfletagens nas ruas. O principal foco, segundo eles será o "Fora Dilma", mas o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), também será cobrado nos atos por ter sinalizado uma aliança com o governo na última segunda-feira (10).
Denunciado por um dos delatores do esquema de corrupção da Petrobras, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que teria recebido US$ 5 milhões de propina (R$ 17,5 milhões), será poupado pelos grupos por ser considerado um aliado da causa e ter o poder de pôr em votação na Câmara um pedido de impeachment da petista.
Apostando na atual crise política e econômica que atinge o país como "chamariz" para os protestos, os organizadores dizem esperar participação popular superior a das outras duas grandes manifestações contra o governo realizadas este ano, apesar de o número de municípios com atos agendados neste domingo ser inferior ao anterior --mais de 400.
Os protestos ocorridos nos dias 15 de março e 12 de abril reuniram cerca de 2 milhões e 560 mil pessoas, respectivamente, segundo estimativas da Polícia Militar dos Estados onde houve protestos.

Dilma pressionada

No oitavo mês do segundo mandato, Dilma está pressionada pela maior reprovação já registrada em pesquisa entre os presidentes brasileiros desde Fernando Collor (71%), pelo julgamento das contas do governo em 2014 pelo TCU (Tribunal de Contas da União), e pelas investigações da Operação Lava Jato sobre corrupção na Petrobras.
Durante esta semana, a presidente promoveu uma agenda positiva, participando de eventos com movimentos sociais nos quais disse, por exemplo, que nunca mudou de lado. Em resposta, ouviu que "não vai ter golpe".
Sem previsão oficial de agenda para o final de semana, a presidente estará em Brasília e deve acompanhar os atos de sua residência oficial.

Concentração de atos no Sul e no Sudeste

O Estado com o maior número de protestos programados é São Paulo, com eventos marcados em pelo menos 74 municípios. Na capital, a manifestação vai acontecer na avenida Paulista a partir das 14h.
Segundo a lista divulgada pelo Vem pra Rua, os protestos devem se concentrar nas regiões Sul e Sudeste, onde estão programados mais de três quartos dos atos convocados no país. Depois de São Paulo, Minas Gerais, com manifestações marcadas para 35 cidades, Paraná (22), Rio Grande do Sul (22) e Santa Catarina (22) são os Estados com mais protestos agendados.
Na cidade do Rio de Janeiro, os manifestantes vão se reunir a partir das 11h na altura do posto 5 da praia de Copacabana, na zona sul da capital fluminense.
Fora do país, foram convocadas manifestações para cidades da Argentina, Alemanha, Austrália, Bolívia, Canadá, Estados Unidos, Espanha, França, Inglaterra, Irlanda, Itália e Portugal.


 Do UOL, no Rio

Padilha: ‘Temos de sair dessa crise em 90 dias

 blog  Josias

 http://imguol.com/blogs/58/files/2015/08/EliseuPadilhaDilmaDivulgacao.jpg

 Padilha: 'Dilma é gerente implacável, cujos esforços resultam em ganhos importantes para o país'
 Escudeiro do vice-presidente Michel Temer na articulação política do Planalto, o ministro Eliseu Padilha (Aviação Civil) avalia que o governo tem um prazo para superar suas dificuldades políticas. “Temos de sair da crise política em 60, 90 dias. Temos de ter um horizonte para que os empreendedores, que fazem o país crescer, tenham um mínimo de garantia de que não haverá mudança nas regras do jogo a curto prazo'', disse ele, em entrevista aos repórteres Carolina Bahia e Guilherme Mazui.

Padilha atribui ao seu partido um papel central. “O PMDB se caracterizou por ser o fiador da governabilidade. O PMDB não é o senhor da verdade, o que temos é maior representação. E temos humildade para ouvir. A nação não vai perdoar a atual geração de políticos se não tivermos condições de criar a estabilidade política para sustentar a economia.”
Temer disse a Dilma que não conspira contra ela, contou Padilha. “Esse episódio em que ele falou que ‘alguém’ teria de reunificar o país acabou prestando-se a especulações que o deixaram chateado. Michel disse a Dilma e aos outros ministros que não age à sorrelfa.”
Indagado sobre as chances de Dilma ser afastada da Presidência, Padilha saiu-se com uma resposta ao estilo “até o momento…”

A presidente Dilma Rousseff termina o mandato?
Penso que a vitória na eleição a coloca numa situação preservada em relação a movimentos golpistas. Até este momento, não se conhece uma vírgula que possa imputar qualquer crime à presidente.
Abrir um processo de impeachment é um movimento golpista?
Quando seria golpista? Quando aderíssemos a um processo sem a base exigida pela lei.
Hoje é golpe?
Hoje não existe nada.
As ruas podem derrubar a presidente?
Nós, do PMDB, lutamos para termos liberdade de expressão, assim como a presidente. Mais do que compreensão, o governo tem de ser humilde para colher das manifestações que não são orquestradas por partidos os recados para aperfeiçoar a gestão e os serviços.

O ministro enxerga na reconversão de Renan Calheiros ao governismo uma oportunidade para o governo. “Tivemos uma posição do Senado contra acréscimos de despesas que teriam que de suportadas pelo cidadão. O Senado tomou uma posição marcante e faz com que a gente tenha possibilidade de pensar numa recomposição de base e da estabilidade política.”
“Vendo as decisões tomadas na Câmara com impacto no orçamento, o Senado adotou outra postura”, acrescentou Padilha. “Cada vez que se inviabiliza o governo, quem paga a conta é o cidadão.”
Para Padilha, a pauta de projetos empanada pelo presidente do Senado pode seduzir os deputados. Renan “reuniu lideranças dos partidos, conversou com ministros e ofertou uma pauta positiva. Ela não está em vigência na Câmara, mas nada impede que haja uma conciliação.”

Perguntou-se a Padilha como é trabalhar com Dilma. E ele: “A presidente é uma pessoa que aprendi a admirar. É idealista. Como eu, persegue utopias políticas. Foi guerrilheira, presa, torturada, teve uma vivência que lhe deu tempero para enfrentar qualquer situação. Ela é uma gerente implacável, e tem feito esforços que resultam em ganhos importantes para o país.”

O país onde deficientes são acorrentados e violentados

Sophie Morgan (esq.), britânica que usa cadeira de rodas há 12 anos, visitou Gana para gravar um documentário sobre a vida de pacientes com deficiência física
 BBC

Sophie Morgan (esq.), britânica que usa cadeira de rodas há 12 anos, visitou Gana para gravar um documentário sobre a vida de pacientes com deficiência física
Para muitos, Gana é um país lindo, seguro, a joia da coroa da África Ocidental. Mas há um lado sombrio que poucos conhecem.

Muitos no país acreditam que deficiências não são um obstáculo físico ou mental, mas uma doença espiritual ou maldição que pode ser curada por rezas ou confinamento. E, em alguns casos, por violência física.

O casal Beatrice e Alfred vive na capital, Acra. Ambos têm deficiências e dependem de cadeira de rodas. Mas, com um filho de 4 anos para educar, e contas para pagar, trabalham duro para levar dinheiro para casa.

Beatrice teve pólio e sofre de baixa auto-estima. As oportunidades de trabalho são escassas e ela conta ter passado a vida toda no ostracismo. Hoje, o que faz é sentar na beira da rua sob o sol forte e vender laranjas.

Não é preciso muito tempo para observar que são poucos os negócios: clientes preferem outros vendedores assim que a veem numa cadeira de rodas.
"É normal", diz ela, quase sussurrando. "Eles acreditam que irão pegar alguma doença."

Mas pensamentos como este não são a pior coisa a existir em Gana.

Olhar de pânico

Num campo espiritualista muçulmano perto de Acra, a sala de espera está lotada de homens e mulheres com deficiências, que esperam ser curados. É possível ouvir gritos vindos de uma das cabanas de madeira e concreto.

Uma jovem e sua mãe saem dali. A menina, de cerca de 11 anos, tem lágrimas, sangue e catarro escorrendo de seus olhos e nariz. Ela grita descontroladamente, e cai debilmente no chão. A mãe tenta segurá-la, mas também está em prantos.

Os olhos da criança revelavam medo e pânico. A mulher responsável pelo campo havia colocado "remédio" em seus olhos, nariz e ouvidos, porque acreditava que a menina tinha uma "maldição". Na verdade, ela era epiléptica.

Por todo o campo, homens e mulheres estavam algemados por terem algum tipo de deficiência mental ou física. As correntes eram parte do tratamento, juntamente com espancamento e fome.

Desorientado e claramente atordoado, um homem estava coberto em suas próprias fezes e bebia sua urina. Um segundo também comia as próprias fezes e um terceiro se masturbava. A maioria chorava e alguns estavam apenas em silêncio.

Um funcionário justificava este método como tratamento para curar a doença espiritual que causa deficiências.

Este não é um caso único. Por todo o país, deficientes enfrentam dificuldades: nenhuma acesso a equipamentos, educação, transporte, tratamento médico ou trabalho. O resultado é que muitos vivem em pobreza absoluta.

O estigma ligado a pessoas com deficiência e suas famílias tem consequências chocantes - incluindo confinamento e tortura.

Há, ainda, relatos não-confirmados de que crianças com deficiências são sacrificadas, em sessões comandadas pelo chamados "sacerdotes-feiticeiros".

O governo de Gana tem sido pressionado para agir contra estas violações de direitos humanos.

O relator especial do Conselho de Direitos Humanos da ONU sobre tortura, Juan Méndez, disse que o tratamento de pessoas com problemas psicossociais pode ser considerado como tortura. Ele destacou o acorrentamento de doentes mentais a árvores, falta de alimentação e o uso de terapia de choques elétricos sem anestesia.

O relatório de Méndez foi apresentado no ano passado ao conselho em Genebra - mas parece que pouco foi feito para solucionar os problemas.

*Sophie Morgan usa cadeira de rodas há 12 anos após sofrer um acidente de carro aos 18 anos e ficar paraplégica. Ela apresentou o documentário The World's Worst Place to be Disabled? (O Pior Lugar do Mundo para ser Deficiente?), da BBC. Ela esteve em Gana em novembro e disse que as coisas que viu fizeram com que desejasse nunca mais retornar ao país. Ela vive no Reino Unido.

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